sábado, 16 de agosto de 2014

caga tudo e vai

Fazes um tremendo esforço.

Espreme todas as tuas entranhas na tentativa de expelir o resto.
O resto do que ingeriu, o resto do que consumiu, o resto do que colocaste para dentro - sem pensar.
Sabes que não é só um conjunto de destroços desorganizados - muito menos excedentes corporais dos quais não mais precisas. O resto maldito e fedorento é muito mais que isso.

Muito mais do que o resultado de uma má ingestão emocional, do que o excreto do coração (que é às vezes é delgado, às vezes grosso) e muito mais, mas muito, muitíssimo mais, do que um mero conjunto de lembranças absorvidas nas refeições.

O resto é a detestável comida que a última deglutição te proporcionou.
Tal merda é quente quando dentro de ti e fria, gélida, quando expelida. Ela faz doer as pregas e causa que repenses se vale a pena ingerir manjares outra vez.
É espessa e vem em pequenas bolinhas, que grudam na tua parede mental e te contaminam a espalhar discórdia, medo, insegurança, seguindo de uma torrente de outras emoções bostíficas, cocozentas e merdênicas. Parecem uns cancros, só que de bosta, sabes? Cancros cheios de tanta imundice que nem o esfíncter relaxa, nem o  reto contrai. Chupaste todo aquele excremento pra dentro de si, encheste o âmago de sujeira, vai colocar tudo pra fora como?

Agora tu estás aí: acocado, com a cara suada e o cu latejando. Te fode.

Mas sabes qual é a pior parte?
É que é fácil de resolver.
Relaxa.
Teu esforço é estúpido, vão e frustrado.
Não adianta ficar aí, te comprimindo, te afligindo.

Vê se relaxas o rabo que vai.
Vai que é uma beleza.
Caga tudo e vai.

Só não posso te prometer que o processo seja indolor. 

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